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29.4.07
13.4.07
The Likely Lads
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Hoje era uma bela noite para se estar em Londres. Hackney Empire lotado para duas noites anunciadas como "An Evening with Peter Doherty", supostamente incluindo recitais de poesia e música, tanto do próprio como de convidados. No meio das eternas dúvidas sobre se ele apareceria (e a aparecer, em que estado estaria), as notícias falavam de um comportamento tão irrepreensível como inesperado, muito bem na guitarra e a voz como não se lhe ouvia desde os tempos áureos dos Libertines. Mais que suficiente para se lhe "perdoar" a inclusão em palco do ex-companheiro de cela The General e outros amigos de recomendabilidade mais ou menos duvidosa.
Para a segunda noite (a de hoje, portanto), aparentemente as coisas estavam diferentes. A postura era idêntica à da véspera, coisa rara nos últimos anos de (má) vida até num dia de concerto, quanto mais em dois seguidos. Na segunda parte da actuação, o anúncio "You've been waiting for this moment. Ladies and gentlemen Mr Carlos Barat...only joking! What do you expect for 25 quid?".
E não era piada. O público voou sobre as cadeiras para se chegar à frente do palco, cantou, limpou lágrimas e, durante 13 temas o bom velho Albion voltou a navegar rumo à Arcadia como se nunca tivesse tido o casco furado por seringas e cachimbos. Durante 13 temas os Libertines voltaram a existir! Time For Heroes, Death on the Stairs, The Good Old Days, Tell the King, France, Albion, etc, voltaram a fazer sentido, muito mais do que nas actuações ao vivo dos sub-produtos Dirty Pretty Things e Babyshambles, até do que os não-Libertines que passaram pelo Paradise Garage em tempos. E voltaram a abraçar-se e a trocar private-jokes em palco e a tocar uma versão do "Dream a Little Dream of Me" directamente dos primórdios pré-contrato discográfico da banda.
No fim do concerto, e ao melhor estilo Libertine, a festa continuou nas traseiras do recinto, com o tema que faltou em palco, alegadamente o último composto em conjunto pela dupla Doherty/Barat, o "pedido de desculpas/declaração de amor fraternal" final Can't Stand Me Now. Porque no fundo a saga-tornada-cegada dos Libertines não é mais do que uma história de amor. Com capítulos ainda por escrever? De qualquer modo, hoje a uns milhares de quilómetros de distância e apenas seguindo a cobertura real-time do blog do NME, relembrei-me por que motivo não pousei a guitarra de vez há uns anos.
A setlist da reunião foi:
'What A Waster'
'Death On The Stairs'
'The Good Old Days'
'What Katie Did'
'Dilly Boys'
'Seven Deadly Sins'
'France'
'Tell The King'
'Don't Look Back Into The Sun'
'Dream A Little Dream Of Me'
'Time For Heroes'
'Albion'
'The Delaney'